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O TIRO NO PÉ

Fomos contratados para investigar o roubo de uma quantia substancial, sofrido pelo funcionário do nosso cliente, cuja função consistia em fazer entregas de malotes contendo, às vezes, dinheiro.

Na ocasião, o nosso cliente, patrão da vítima, explicou que ela foi assaltada por duas pessoas que levaram, além do malote com o dinheiro, a moto, tendo ainda, não se contentando com os produtos subtraídos, dado um tiro no pé do funcionário.

Com a autorização do cliente, conversamos com esse funcionário e pedimos que contasse novamente a história de como se sucedeu o roubo.

Ele relatou o fato da mesma forma que o patrão nos contou.

Entretanto, em um dado momento, quando perguntamos a localidade onde foi feito o assalto e em qual delegacia ele fez o boletim de ocorrência (ele informou ter solicitado a lavratura do documento logo após o crime), estranhamos o pouco tempo que ele gastou no itinerário entre o local do delito e a delegacia.

Explico: o distrito policial em questão é situado a aproximadamente 40 minutos, de moto, do local do roubo; ele fez o boletim de ocorrência 45 minutos após ter sofrido o assalto.

Pois bem, se os bandidos levaram a moto, como ele poderia ter chegado tão rápido até essa delegacia e ainda mais com o pé baleado? Seria mais coerente a vítima ter se dirigido imediatamente ao hospital, para tratar o ferimento.

Ao analisar o caso, realizamos um levantamento em torno de seus familiares.  Fizemos campana um por um, para averiguar se realmente a moto não poderia estar em algum desses locais.

Da mesma forma, fomos até alguns desmanches, sempre no intuito de observar algum detalhe da moto roubada. Foi quando vimos, três dias após vigiarmos todas as residências dos parentes, um primo do funcionário saindo com uma moto idêntica àquela que fora roubada. Ao nos aproximarmos do veículo, verificamos que se tratava da mesma placa, consequentemente, da mesma moto.

Imediatamente acionamos a polícia, para relatar o fato e apresentar a suspeita de que a moto, então roubada, estava com esse primo do funcionário. A polícia, ao chegar no local indicado, deparou-se com o primo e a moto roubada.

O primo alegou que essa moto tinha, de fato, sido roubada, mas que depois ele a recuperou. Mesmo assim, ele foi conduzido ao Distrito Policial para prestar depoimento.

Chegando lá, os policiais fizeram várias perguntas para o primo do jovem funcionário, que, por sua vez, não soube responder como ocorreu a recuperação da moto.

Não demorou muito para o primo confessar que, realmente, o funcionário tinha simulado o roubo, dando um tiro no próprio pé, tendo pedido a ele (primo) se desfazer dessa moto, o que ele não o fez. Assim, foi descoberta a fraude criminosa.

Com essas informações, fomos até o nosso cliente, em primeira mão, explicar todo o ocorrido. Ele, muito decepcionado, informou que o funcionário era uma pessoa de sua total confiança e que jamais poderia desconfiar de sua falta de integridade, uma vez que trabalhava com ele há algum tempo, sem nunca ter havido qualquer problema, exceto o que agora tomara conhecimento.

Após desvendar esse crime, o detetive Felipe Lacerda aconselha seus clientes a nunca confiar em ninguém quando se trata de valores, porque a oportunidade faz o ladrão.

O “Insider Informativo” agradece a oportunidade… até a próxima

Revisão de texto: Andréa Terron

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