Em todas as empresas, notadamente naquelas que fabricam peças automobilísticas, sempre ocorrem roubos continuados desses objetos, principalmente nos setores de almoxarifado e expedição. Entretanto, boa parte das mercadorias roubadas fica registrada como lucros e perdas dessas empresas, o que contribui para o encarecimento dos produtos no mercado.
Saliento que todo colaborador, especialmente os brasileiros, adota a cultura de “levar vantagem” e, munido de alguma facilidade, rouba mercadorias que são vendidas rapidamente no mercado específico.
A infiltração, além de coibir esses roubos, possibilita que a empresa – cujo maior prejuízo não decorre do valor das mercadorias subtraídas – não sofra dano moral, advindo dos maus exemplos dados pelos criminosos aos colaboradores honestos, que, a princípio, entraram na empresa com as melhores boas intenções.
Com efeito, ao ver o colega de trabalho usufruir financeiramente dos roubos e, mesmo assim, sair impune a qualquer procedimento da empresa ou de natureza criminal, faz com que o fator moral se torne muito mais precioso do que o valor material da mercadoria.
Atrelada a essa questão, existe ainda a suposição de que em um departamento de almoxarifado ou de expedição ou em qualquer outro setor dentro de uma empresa, há uma falha muito grande, tanto da parte da segurança patrimonial, das expedições, das portarias e das fiscalizações, bem como da parte do chefe ou do encarregado da sessão que, no mínimo, é conivente ou incompetente na condução do departamento pelo qual é responsável.
As infiltrações ocorrem em um período inicial de, no mínimo, 03 meses, quando nossos agentes se infiltram junto aos colaboradores do setor suspeito. Os primeiros 15/20 dias têm como único objetivo conhecer todos que ali trabalham, dando um ar de confiabilidade, para que os agentes infiltrados conquistem a confiança dos colaboradores envolvidos na organização criminosa. Depois desse período, e após o conhecimento dos modos operacionais da saída da mercadoria dentro da empresa, das pessoas envolvidas, tanto do setor, como de outros departamentos, começa a apuração dos respectivos receptadores que, via de regra, se limita a uma única pessoa.
Destaco que nunca um roubo de mercadoria é feito individualmente, ao contrário, sempre é feito em grupos, porque um depende do outro. O funcionário da expedição depende do conferente, que depende, por sua vez, do encarregado do T.I., que depende do agente da portaria, que depende do empregado do transporte (motorista e outros) e, às vezes, até de alguém da segurança, que faz vista grossa. Tudo isso é apurado nesse período de 03 meses; ao término do trabalho, relatamos detalhadamente quem são os envolvidos e o modo de toda a operação fraudulenta existente na empresa.